21/03/2013
A 7ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo homenageou hoje (21) o desembargador Luiz Christiano Gomes dos Reis Kuntz, em razão de sua aposentadoria, a ser publicada no próximo dia 1º.
Do 4º Grupo de Câmara de Direito Criminal, integrado pelas 7ª e 8ª Câmaras, fazem parte os desembargadores Francisco José Aguirre Menin, Roberto Mário Mortari, Antonio Fernando Miranda, Antonio Sydnei de Oliveira Júnior; e Marco Antônio Pinheiro Machado, Ronaldo Sérgio Moreira da Silva, Camilo Léllis dos Santos Almeida, Cassiano Ricardo Zorzi Rocha, Eduardo Crescenti Abdalla e Laerte Marrone de Castro Sampaio.
A cerimônia iniciou com o discurso do colega de Câmara do homenageado, desembargador Antonio Sydnei de Oliveira Júnior, que falou em nome dos demais componentes da turma julgadora. “Suas decisões sempre andaram lado a lado com a obstinação pela Justiça bem-feita. Vossa Excelência, desembargador Christiano Kuntz, sempre julgou como um homem dotado de responsável visão humanista das coisas e diante do relativismo da verdade sempre presente nos autos processuais. Figurando como relator em milhares de demandas nos últimos cinco anos, deu-me ímpar tranquilidade nos julgamentos nos quais figurei como revisor. Vossa Excelência lega-me memorável aprendizado, que nunca será por mim esquecido.”
O desembargador Sydnei de Oliveira Júnior destacou que “a aposentadoria de Vossa Excelência abre uma vazio impreenchível, além da saudade, é claro, que restará em nossos corações. Tenha certeza que sua missão foi cumprida à risca e sua maneira de julgar haverá de fazer escola. Deus o acompanhe nessa etapa de sua vida que se iniciará. Seja muito feliz”!
O procurador de Justiça Roberto Tardelli falou em nome do Ministério Público. Tardelli afirmou que a amizade é um patrimônio que a gente acumula ao longo da vida. “A amizade jamais pode ser perniciosa. Perniciosa é a solidão. A gente vive pela amizade, pela família, pelo reconhecimento dos amigos. Vivemos para que possamos deixar saudades, onde a gente tenha passado. Eu quero muito, desembargador, quando estiver na sua posição, que as pessoas olhem para mim, encham a sala, como aqui está. Todos dizendo o seguinte: vá, mas fique. Todos dizendo para o senhor, que esta presença, é aqui bastante eloquente neste sentido, que a sua esposa e seu filho hão de ter percebido isso agora, que as pessoas que aqui estão, de um lado lamentam, de um lado invejam, de outro lado admiram, mas certamente o senhor deixou aqui o mais profícuo dos legados, que é o legado de ser humano, de cidadão, de amigo, de filósofo.”
Tardelli descreveu o desembargador Christiano Kuntz como um homem humilde e sábio. “É difícil a gente ver a pessoa descer do pedestal da magistratura, uma pessoa que já conquistou tudo o que a magistratura pode oferecer. O senhor não inveja a amargura e a solidão dos ministros do Supremo Tribunal Federal. O senhor vai ser um iniciante, o senhor vai ser o novo jovem advogado ao lado daquele que o senhor trouxe ao mundo. Olhe o que a vida guardou para o senhor. É uma lição de humildade e de parceria. Tenho pelo senhor uma admiração, pois o senhor é um homem sábio, que sabe renovar-se. Espero encontrar com o senhor aqui, não mais julgando, mas pleiteando os interesses de seus clientes.”
O desembargador Luiz Christiano Gomes dos Reis Kuntz recebeu uma placa comemorativa do advogado Juvenal Campos de Azevedo Canto, homenagem da “Confraria Camaradas de Cavalaria”, da qual ambos fazem parte.
O filho do homenageado, o advogado Eduardo Kuntz pediu a palavra, “não posso deixar passar essa oportunidade, já que nunca tive a honra de comparecer à 7ª Câmara como advogado, para fazer uma sustentação oral. Encontro-me hoje em uma situação extremamente confortável. Fazer a defesa de um desembargador já acolhido por tão saudosas palavras, com tanto carinho, seria fácil trabalho para um advogado. Gostaria de agradecer, então, ao meu pai. Porque, ao longo da vida, eu sempre o critiquei por trabalhar demais. Quero agradecer porque mais do que a educação, o estudo, a saúde, sem dúvida, Vossa Excelência deixou valores de formação. O que a sociedade ganhou, ao longo desses quase 35 anos, com o seu trabalho no Tribunal de Justiça, a gente pode desenvolver ao longo de nossa vida, que vai ser longa, porque agora vai cuidar mais da saúde, tem muita lenha para queimar ainda, quer seja no escritório, se for da sua vontade, ou em casa. Teremos a oportunidade de seguir contribuindo para a Justiça, com essa vocação que Vossa Excelência demonstrou sempre ser maior que o dinheiro, vocação traduzida em satisfação de integrar os quadros deste Tribunal de Justiça. Gostaria de parabenizá-lo como desembargador e agradecê-lo como pai”.
O presidente da Câmara, Francisco José Aguirre Menin, convidou o homenageado para assumir a presidência, de onde falaria aos presentes. Christiano Kuntz começou agradecendo a todos, desembargadores, advogados, familiares e funcionários. Ele afirmou que “ser desembargador é uma consequência. Ser juiz em São Paulo, era o meu grande sonho. Quando vesti a toga, me despi de qualquer vaidade, qualquer prepotência, imaginando ser um servidor público. Um juiz servidor. Um juiz desejoso de fazer Justiça. Apesar de muitas vezes não ter conseguido, mas acho, lamento, reconheço que tantas vezes tenha errado. Em diversas circunstâncias, em situações de serviço, lamento não ter lido a linha exata da petição. No entanto, eu sempre procurei servir e fazer Justiça. Sou realizado, muito realizado. Foram 32 anos de exercício intenso. Agradeço à compreensão da família. A gente acaba suprimindo momentos com a família. Nos dedicando de corpo e alma. A gente acaba não sabendo se é juiz porque é assim ou se é assim porque é juiz”. Ele agradeceu aos amigos da Cavalaria pela placa comemorativa, “homenagem maravilhosa”.
O desembargador comentou que ao serem retirados os quadros da parede de seu gabinete surgiram marcas, “são as marcas que esse tempo todo eu construí, experiências, vivências com meus funcionários do gabinete, aprendi muito com eles, tudo isso enriqueceu a minha vida e é uma riqueza que ninguém me tira. Vou carregar para sempre”. Ele agradeceu a seus colegas desembargadores, “que mesmo nas divergências, às vezes, talvez nas divergências a gente se una mais. Agradeço por todo esse tempo de trabalho, por todo esse esforço que nós fizemos, foram 26 mil votos. Há desembargadores antigos que em sua carreira deram 10 ou 15 mil votos. Fui relator, fui revisor, fui presidente. Agradeço aos funcionários da 7ª Câmara, nas pessoas de Marinho e Ana Maria pela colaboração valiosíssima. Agradeço muito a todos. Há uma mistura de sentimentos. Vou sair com muitas saudades sim. Estou pronto para assumir novos desafios. Vou estar bem assessorado pelo meu chefe, de quem vou ser estagiário (referindo-se ao filho)”. Nesse momento, emocionado, citou a presença de João Alfredo de Oliveira Santos, “o João Alfredo foi o juiz com quem eu comecei a trabalhar. No primeiro dia na magistratura, estive com o homem, professor, juiz”. Aplaudido por todos, visivelmente emocionado, o homenageado finalizou: “não dá pra segurar, muito obrigado a todos”.
Trajetória – Luiz Christiano Gomes dos Reis Kuntz é bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), turma de 1977. Começou na magistratura em 1981, quando nomeado juiz substituto em Ribeirão Preto. Atuou em Cananéia, Leme, Jundiaí. Promovido para a 4ª Vara Criminal da Comarca de São Paulo em 1991. Em 1994 removido para o cargo de juiz substituto em 2º grau da Comarca de São Paulo. Promovido, por critério de merecimento, a juiz do Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo em 2003. Em 2005 tornou-se desembargador.
Comunicação Social TJSP – VG (texto) / GD (fotos)